sexta-feira, janeiro 09, 1998

COISAS DA IDADE

Era o português mais velho do mundo. Tinha 108 anos. E sempre que engravidava uma mulher os filhos nasciam já com idade de ir para a Universidade. Queixava-se que já não ia tantas vezes às meninas como gostaria por causa dos ossos, mas gostava de ir ao oculista comprar óculos porque além dos óculos recebia sempre dinheiro por causa do desconto da idade. O que era bom.

OS HORÓSCOPOS

É uma aldrabice, dizem uns. É uma ciência do oculto, dizem outros. Para mim, é um passatempo. Resume-se tudo a uma pergunta: como é que sabemos qual deles está certo? Há dezenas de horóscopos para consultar diariamente. Isto se considerarmos apenas os que são publicados na imprensa escrita. Se ligarmos para algum Karamba ou Bambo ou se formos à net as hipóteses aumentam exponencialmente. Isto se nos limitarmos aos horóscopos em língua portuguesa, se formos para previsões em língua estrangeira, as opções tornam-se infinitas.

Creio que é esse o segredo das previsões. Não faz sentido um astrólogo prever o futuro de toda a gente. Toda a gente tem um destino diferente. Vê-se logo pelos números da Sorte (por Sorte entenda-se ‘jogo’), são diferentes para cada Signo. No máximo o que ele consegue prever é o futuro de algumas pessoas. E dessas pessoas muitas são aquelas que nunca saberão o seu futuro de antemão porque não acreditam nessas coisas do oculto, ou porque gostam de viver as surpresas da vida.

No meu caso, não é acreditar ou deixar de acreditar. Acredito na minha teoria, só que para testá-la teria de investir muito tempo. Quando então soubesse o meu futuro já este seria passado.

MEDIDAS DE COACÇÃO

De todas as medidas de coacção aplicáveis pelas nossas forças de autoridade, a que eu menos compreendo e, tenho de o dizer, mais desconforto me provoca, é a de ‘apresentação semanal na esquadra’.

Não a compreendo, porque está dependente da vontade do suspeito criminoso arguido (esta merda dos termos jurídicos lixa a vida a quem não é de Direito). Nota: usar apenas os termos ‘sujeito’ ou ‘fulano’ para não complicar.

Provoca-me desconforta-me porque sou obrigado a pensar que, das duas uma, ou a nossa polícia sofre de Alzheimer e sempre que o ‘sujeito’ vai lá é como se fosse uma primeira vez (um amigo meu que trabalhou com o neurologista António Damásio falou-me duma experiência semelhante, mas era com choques eléctricos) ou, então, os agentes da autoridade rodam pelas esquadras num ritmo mais frenético que os professores pelas escolas.

Esclareçam-me, por favor.

Outra medida que também me suscita algumas dúvidas – menos parva, é certo – pela sua aplicabilidade reduzida: ‘termo de identidade e residência’. Se o ‘fulano’ em questão for um sem-abrigo está automaticamente excluído?

A IMBECILIDADE DOS FAMOSOS

Pouco depois do lançamento do seu novo livro, Miguel Sousa Tavares disse numa das suas intervenções na TVI qualquer coisa como “é preciso ser imbecil para querer ser famoso.” Fica bem a alguém que é famoso como jornalista, comentador e escritor dizer isto? Talvez os ditados não se apliquem a quem os diz. Fica a dúvida.

DROGA NO JET SET

Andam aí uns cabrões – que é o mínimo que se pode chamar a esses abortos com pernas – que há figuras do nosso ilustríssimo jet-set que fazem corridas de pó, praticam sexo ao vivo e outras devassidões mais. Não chegava dizerem que a nossa socialite não faz nada, tinham de inventar mais esta.

Droga nas discotecas, festas privadas com políticos e empresários e artistas, tudo à mistura. E originalidade, hã? Não fazia mal a ninguém.

No tempo dos romanos a nobreza comportava-se da mesma forma. Querem-me fazer crer que as coisas mudaram assim tão pouco em tanto tempo?

segunda-feira, janeiro 05, 1998

UMA PIADA COM POUCO MAIS DE QUATRO LETRAS APENAS

Nv. C. P. P.

CENAS PARA DEIXAR O PESSOAL 'ASSIM A MODOS QUE'

1 - Entrar num restaurante para almoçar, de preferência um que tenha as mesas todas ocupadas. Procurar uma mesa com pessoal já de conta paga, aqueles que a gente olha e vê que só estão a pastar, chegar lá, dizer-lhe as horas ou apontar para o relógio. Mostrar irritação q.b. e regressar para junto do balcão sempre de olho neles. Pedir um copo de água ao empregado e apontar para a mesa em questão perguntando qualquer coisa que obrigue o empregado a abanar a cabeça e a fazer uma expressão feia.

2 - A mesma situação base com uma variante. Caso ainda estejam a tomar café, arriscar um pouco a sorte, chegar lá, pegar na chávena de um que esteja distraído (recomenda-se que seja o mais franzino), beber o café e gritar para o empregado mais próximo. 'Este já não 'tá queimado, foi só os outros!'. Terminar com um pedido de desculpas. Ninguém vai perceber, ninguém vai perguntar mas, pelo sim pelo não, o melhor é ir comer a outro sítio.