sábado, maio 16, 1998

SÓCIO!

A prova de que as empresas na hora funcionam é que o numero de empresários está a aumentar tanto que nem os próprios empresários sabem que são empresários.
Eu, por exemplo, devo ser sócio duma data delas.
Vou na rua, só oiço “sócio, orienta um night”, “sócio, arranja lá lume”, “sócio, tens trocos?”.

Não sou de julgar pessoas pelo aspecto, mas olhando para os meus associados, dá-me ideia que as minhas empresas não devem andar muito bem.

DESCULPA PERFEITA

O queijo Limiano é a melhor desculpa para tudo, até para escapar a perguntas incómodas. Imaginem, por exemplo, o marido está a ver televisão, a mulher a separar a roupa suja para colocar na máquina de lavar, quando encontra uma camisa com uma mancha de baton no colarinho. Vai logo ter com o marido.

“Que mancha de baton é esta na camisa?”

E aqui entra o queijo.

“O queijo Limiano é fabricado pelos maiores especialistas em queijo há mais de cinquenta anos.”

Depois, das duas uma, ou aparece um senhor a dizer 'Pode não perceber nada de fidelidade, mas percebe de queijo.' ou a mulher atira-lhe com uma jarra à cabeça por estar a gozar com ela.

É questão de experimentarem e de me dizerem qualquer coisa.

ANÚNCIO DA BLANKA

Há tempos passava na televisão uma publicidade à lixívia Blanka, na qual donas de casa comparavam nódoas entre si e discutiam qual o melhor detergente para as eliminar.

Uma dessas senhoras apresentava uma peça de roupa suja de sangue. Pensei logo para comigo, não queria ser o marido dela.

SEGREDOS DO MUNDO DOS HOMENS QUE AS MULHERES NÃO GOSTARIAM DE SABER: BORRIÉS

Nós homens tiramos macacos do nariz e brincamos com eles como se fosse plasticina. Mas só enquanto estão húmidos, quando estão secos e ressequidos não, que isso seria nojento. Também quando são aqueles com muito molho, há que fazer um trabalho prévio de pressão e secagem para ficarem mais maleáveis e depois é só diversão.

O FIM DO FASCÍNIO PELOS ENCORES

Já não gosto de encores. Dantes gostava. Agora já não. Já não vou a tantos concertos com antes, mas… olhando para trás, cheguei à conclusão que afinal não gosto de encores. Aliás, não é ‘não gostar’ é mais não compreender o porquê daquilo. Aquilo para mim não é a banda que ouve os apelos dos fãs e volta para mais duas ou três musicas. Não quero estragar o sonho de ninguém, mas eles não voltam por vossa causa. Aquilo é tudo programado. Não se iludam!

O que eu não gosto é de coisas mal organizadas. O que é o caso. Uma hora de espectáculo e só no fim é que fazem um intervalo? Porque não a meio? Nos cinemas já quase não fazem intervalo. Imaginem que começavam a fazer intervalos a cinco, dez minutos do fim.

Tudo bem que precisam de ir à casa de banho, beber água, fumar um cigarrito, tudo bem; mas façam isso antes do espectáculo ou então aguentam mais um pouquinho, tocam até ao fim e depois logo vão. Mais organização para a próxima é o que eu digo.

NOMES PARA OS FILHOS

Quando tiver crianças já sei que nome lhes hei de dar. Para mim não foi difícil escolher, foi difícil é escolher um nome que tenha impacto no seu futuro, sem ser de forma negativa. Se for rapaz será Otitio, se for rapariga será Otitia.

Estou a pensar muito à frente, para quando os meus irmão tiverem filhos e os filhos deles tiverem filhos, esses filhos vão ser sobrinhos dos meus filhos. E então teremos expressões tão bonitas como ‘ó tio otitio’, ‘ó tia otitia’ se algum dos meus irmãos estiver no Brasil ‘ó titio Otitio, ‘ó titia Otitia’, etc. Mal posso esperar.

EDUCAÇÃO E TRADUÇÃO

Já tenho falado das traduções em Portugal. Não hada a fazer. Reparei uma coisa nas traduções a nível televisivo. Os gajos são super bem educados. Nas séries policiais, às vezes temos o agente a falar para o maior criminoso de sempre, o gajo mais rufia, a dizer cenas como ‘levante-se’, ‘acompanhe-me’. Tratam-se sempre por você. Boa educação acima de tudo é o que eu acho.

‘Levante-se, seu traste’. Já vi isto.

Traste? Quem é que usa isso? Ainda por cima quem é que usa um termo como ‘traste’ a alguém que está a tratar por ‘você’? Se fosse o CSI Rio de Janeiro, ou o CSI Cascais ainda vá lá; mas era o CSI Miami. A não se for que o tradutor fosse do Estoril ou coisa assim.

ANÚNCIOS DE RÁDIO

A parte dos anúncios que nos interessa não é a parte cómica – a parte cómica alicia-nos, entretém-nos – a parte que nos interessa é aquela em que eles falam a trezentos à hora. Quem é que percebe? Ninguém percebe.
O gajo diz tudo. O gajo ou a gaja. Não se engana. Mas àquela facilidade tenho de gravar aquilo e ouvir aos poucos. Quando finalmente percebo tudo, das duas uma; ou o produto afinal não me interessa ou a empresa abriu falência. Isto quando consigo gravar. Para remediar as vezes em que não consigo, ando sempre com um caderninho para apontar essas coisas. Demora mais porque há anúncios que só dão uma vez por dia.

RÁDIO POPULAR E AFINS

Há coisas que eu por mais que tente não consigo perceber. Coisas mesmo estranhas. Nós vamos a uma loja de electrodomésticos chamada ‘radio popular’. Não há de faltar muito para aparecer, se é que ainda não há, uma estação de rádio chamada ‘moulinex fm’.
Rádio popular. Rádio popular. Que raio de nome para uma loja é esse? Escolheram um rádio, e se tivessem optado por uma batedeira ou uma maquina de lavar? Como seria?

Outra. Suzukis. Publicidade na rádio é assim. A publicidade à Suzuki Granvitara é que é. Já ouviram? Três mil e quinhentos euros. Três mil e quinhentos euros. Três mil e quinhentos euros! Mas aquilo é um anuncio ou um leilão? Eu ouvi à primeira! Qual é o publico alvo? Pessoal com lesões cerebrais graves, só pode.

O ACTIMEL

Para mim, o Actimel é o ‘Ben-Hur’ dos iogurtes. É só figurantes. Isto até ao dia em que se passe a fazer tudo por computador. Depois passa a ser a ‘Ameaça Fantasma’. Podia ser o ‘300’, mas não são trezentos, são dez mil milhões.

ALEXANDRA SOLNADO E JESUS

Segundo Alexandra Solnado, Jesus tinha dois quilómetros de altura. Está assim explicado como é que ele fazia para caminhar sobre as águas.