domingo, outubro 26, 1997

TENTATIVA DE LANÇAR POLÉMICA

Já vos dei oportunidades mais que suficientes para se manifestarem com mais fervor. Não ligaram. Agora o azar é vosso. Sinceramente, lamento ter tido que chegar a este ponto.


E ainda no primeiro dia, Jesus disse para alguém que passava:
"Tenho comichão nas orelhas."





"Só é pena é o dinheiro que gasto em lâmpadas."




"Ai que ele 'inda cai!"




"Já escolheu o seu Salvador?"
"Sim, quero aquele da fraldinha branca. É o mais lavadinho."

quinta-feira, outubro 02, 1997

MENSAGEM PRIVADA

A todos aqueles que visitam este blogue regularmente e insistem em não fazer comentários: comecem a fazer comentários ou vão visitar o blogue doutro gajo qualquer que não se importe de ter visitas mudas em casa. Se calhar gostam de receber chamadas de pessoas que depois vai-se a ver e não falam nada e vocês ficam ali à toa "Tou? Tou? Tá lá?" E no outro lado está um maluco qualquer ou alguém que só quer ouvir vocês respirarem, tipo assim um maluco. Ou então têm vergonha de escrever. Ou não sabem escrever. Das duas uma. Ou não querem, ou não sabem. Eu percebo smsês. Comentem senão eu zango-me a sério.





P.S. Ou foste inteligente o suficiente para descobrir o que estava aqui escrito ou então fizeste CTRL+T ou CTRL+A ou foste ao menu EDITAR e clicaste em SELECCIONAR TUDO. De qualquer modo, se conseguiste tornar este texto visível, não te deve custar nada fazer um comentário. Ou deve?

SKETCH 6: SIBS

CENA 1: INT / BANCO

Homem entra no banco e dirige-se ao Multibanco. Faz um levantamento, conta as notas – algo está errado.

Homem pega no talão e dirige-se à zona de atendimento; fala com o primeiro empregado que apanha disponível

HOMEM
Olhe, faz favor.

EMPREGADO #1
Só um momento que agora não o posso atender.

HOMEM
Não pode?

EMPREGADO#1
Não me apetece.

HOMEM
Ah bom! Então e a quem é que lhe apetece?

EMPREGADO #1
(chamando colega)
Ó Armindo! Vê lá aqui o senhor.

Armindo aproxima-se, olha o homem de alto a baixo e afasta-se.

HOMEM
Isto já começa a ser demais!

EMPREGADO #1
Tem razão. Peço desculpa.
Bom dia, diga faz favor.

HOMEM
É assim...

EMPREGADO #1
Outro...

HOMEM
Fui agora mesmo ali à máquina fazer um levantamento de vinte euros e a máquina só me deu quinze.
Como pode ver tenho as notas e o talão mesmo aqui à vista.

ESMPREGADO#1
Estou a ver. Nesse caso só há uma coisa a fazer. Temos de preencher os formulários de notificação de anomalia registada e enviar tudo para a SIBS. Eles é que tratam de tudo.
Só um momento que eu vou buscar os papéis.

Empregado #1 levanta-se, vai ao cofre e tira de lá um dossier enorme. Trá-lo para junto da sua secretária e começa a preencher as centenas de impressos que o dossier contém, enquanto questiona o homem.

EMPREGADO #1
Portanto, foi vinte euros que requisitou?

HOMEM
Exacto.

EMPREGADO #1
E só saíram quinze. Ora isso dá uma diferença de....
(fazendo contas com os dedos várias vezes)
Cinco? É cinco, não é?

HOMEM
(irritado)
É cinco, é.

EMPREGADO #1
Prefere carne ou peixe?

HOMEM
(inseguro)
Carne.

EMPREGADO #1
Se tivesse de escolher entre ser sodomizado ou--

HOMEM
Calminha aí! Mas que raio de perguntas vêm a ser essas?

EMPREGADO #1
Oiça, eu não faço os formulários, só os preencho.

HOMEM
Mas já viu o tamanho disso? Assim nunca mais saímos daqui!

EMPREGADO #1
E isto é são só os nexos. Ainda falta a parte grande.

HOMEM
E não há maneira de acelerar isso? É que eu estou com um bocado de pressa.

EMPREGADO #1
Ai agora tá com pressa? Ouça, ouça. Eu estou aqui desde as sete e meia da manhã, há? Se está com pressa, tivesse vindo mais cedo, percebeu?

HOMEM
Não estou a gostar nada desse seu tom de vez.

EMPREGADO #1
(mudando para um tom esganiçado)
E assim?

HOMEM
Assim está melhor.

EMPREGADO #1
(tom normal)
Onde é que eu ia?
(tom esganiçado)
Deu-lhe a pressa agora, foi? Tem de ir apanhar a caminete, é?

HOMEM
É camioneta que se diz.

EMPREGADO #1
(tom esganiçado)
Desculpe, senhor professor.

HOMEM
(visivelmente irritado)
Não há forma de resolver isto de forma mais rápida?

EMPREGADO #1
Ah! Agora quem é que não sabe construir frases, hã? Assim é que se apanham!

HOMEM
Há ou não há?

EMPREGADO #1
Haver, há. Só que é cobrável.

HOMEM
Eu não me importo de pagar. Quero é despachar-me.

EMPREGADO #1
Muito bem.

O empregado #1 abre a gaveta, tira um cofre pequeno, abre-o e tira uma nota de cinco euros.

HOMEM
Quanto é?

EMPREGADO #1
Sete euros, por favor.

HOMEM
(entrega-lhe duas notas de cinco)
Aqui tem.

EMPREGADO #1
(procura troco no cofre)
Hã... Por acaso não tem destrocado? Só tenho notas.

HOMEM
Deixe estar. Fique com o troco.

Apertam as mãos.

EMPREGADO #1
Obrigado.

HOMEM
Obrigado, eu.

O homem levanta-se e sai.

SKETCH 5: ITEM DESCONHECIDO

CENA 1: INT / HIPERMERCADO. DIA

Casal percorre diversos corredores com um carrinho de compras. Um bebé de um ano sensivelmente viaja no espaço próprio para as crianças.

O casal chega à caixa e começa a pôr os artigos no tapete. O último artigo a ser colocado é o bebé.

O empregado começa a registar os produtos.

EMPREGADO
Boa tarde.

PAI
Boa tarde.

MÃE
Boa tarde.

O pai repara no preço do bebé. 70€

PAI
Oiça lá. Isso na prateleira ‘tava marcado a 50.

EMPREGADO
Sim, mas isso referente a uma promoção que acabou ontem.

PAI
Então se acabou ontem, tivessem mudado os preços.

MÃE
Querido, não comeces já com as tuas coisas

PAI
Quais minhas coisas? ‘Tava marcado 50. É o que eu vou pagar.

EMPREGADO
Desculpe interromper a conversa, mas o melhor que há a fazer é ligar para o meu chefe e explicar-lhe a situação.

PAI
Não é preciso ligar. Já começa a ser hábito de cada vez que venho aqui. Da última vez foi com fiambre.

EMPREGADO
Pode pagar o bebé a prestações se assim o desejar.

PAI
Eu nem queria levar isso. A ideia foi dela.

MÃE
Eu já te disse que pagava, não já?

PAI
Não tem a ver com o dinheiro. Só não percebo é pra quê. Não te chegavam já as plantas. È que depois já sei como é que é. Quando for pra ir à rua, vai sobrar aqui pró je.

MÃE
Não sejas parvo.

EMPREGADO
Nesse caso, como é que fazemos? Vai ou fica?

PAI
(olha para a mulher)
Tu é que sabes.

MÃE
(irritada)
Fica.

O empregado finaliza a conta.

EMPREGADO
São 27 Euros e 18 cêntimos, se faz favor.

SKETCH 4: ENTREVISTA DE EMPREGO

CeNA 1: INT / CENTRO DE EMPREGO. DIA

Homem é atendido por funcionária. A funcionária tecla no computador ocasionalmente.

FUNCIONÁRIA
Portanto, está desempregado há um mês e veio aqui para tratar do subsídio de desemprego.

HOMEM
Eu acabei de lhe dizer isso agora mesmo. Porque é que está a repetir?

FUNCIONÁRIA
O sketch só começou a ser transmitido agora.

HOMEM
Ah... Desculpe.

FUNCIONÁRIA
Muito bem. Tem a declaraçãozinha aí consigo?

O homem tira papel da carteira e entrega-o à funcionária.

HOMEM
(apontando para zona no canto inferior direito da folha)
Assine aqui, por favor.

A funcionária assina e devolve o papel ao homem. O homem parece ver se está tudo em ordem.

HOMEM
Bom, penso que está tudo.
Qualquer coisa, entraremos em contacto consigo.

O homem aperta a mão à funcionária. A funcionária levanta-se e vai-se embora.

HOMEM
Próximo!

SKETCH 3: O HOMEM QUE INVENTOU A MORTE

CENA 1: INT / ESTÚDIO

Entrevistador e convidado sentados frente a frente.

ENTREVISTADOR
Boa noite. Tenho comigo em estúdio o senhor Josevaldo Nunes que diz...
(consulta papéis)
... ter inventado a morte.
(incrédulo, para Josevaldo)
Está a brincar, não está?

JOSEVALDO
Nada disso. Fui eu que inventei a morte.
(pensa)
Aí há uns cinquenta, sessenta anos.

ENTREVISTADOR
Senhor Josevaldo, eu estou a olhar para si e não lhe dou sequer trinta, quanto mais cinquenta.

JOSEVALDO
É da luz. E da maquilhagem. Fazem-me parecer mais novo.

ENTREVISTADOR
Estou a ver. Diz, portanto, que inventou a morte há cinquenta anos.

JOSEVALDO
Aproximadamente.

ENTREVISTADOR
Mas a morte existe há milhões de anos. O que é que tem a dizer em relação a isso?

JOSEVALDO
É um erro comum. Eu explico. Antigamente não havia morte. As pessoas chamavam morte a um outro fenómeno conhecido por “descanso eterno”.

ENTREVISTADOR
Isso é um eufemismo para a morte.

JOSEVALDO
Um eufemismo não digo que seja, mas é uma forma suave de dar a entender que alguém não está mais entre nós.

ENTREVISTADOR
Estou com dificuldade em acreditar em si. Se o que me está a dizer é verdade, você faz dinheiro à custa da morte de outros seres. Não se sente mal por isso?

JOSEVALDO
Um agente funerário também ganha dinheiro com a morte de outros seres. Assim como o coveiro.

ENTREVISTADOR
Isso é diferente. No seu caso, trata-se de algo que você diz ter criado. O agente funerário e o coveiro não criaram a morte.

JOSEVALDO
Mas servem-se dela.

ENTREVISTADOR
Mas não a criaram e você criou. Não se sente mal por isso?

JOSEVALDO
Mas porque é que me havia de sentir? Também há quem tenha inventado a vida, faça tanto dinheiro quanto eu e não oiço ninguém queixar-se.

ENTREVISTADOR
(abana a cabeça)
“Há quem tenha inventado a vida”... Senhor Josevaldo, eu vou ser directo consigo e perguntar-lhe: Você por acaso é um tipo falhado que pensou na ideia mais disparatada só para aparecer na televisão?

JOSEVALDO
Sim.

ENTREVISTADOR
É sempre o mesmo em todos os programas. Já começo a ficar farto.
(para a câmara)
É tudo por aqui. Voltamos para a semana.

SKETCH 2: O MANIQUEÍSTA

CENA 1: INT / ESTÚDIO

APRESENTADOR
Boa noite. O meu convidado de hoje é António Tavares, treinador do Desportivo de Sernancelhe. Senhor Tavares...

TAVARES
Mister.

APRESENTADOR
Perdão. Mister Tavares, o que diz do jogo de ontem?

TAVARES
Perdemos.

APRESENTADOR
Sim, mas o que é que acha que aconteceu concretamente?

TAVARES
Bom, eu utilizei uma táctica que pensava ser infalível. Infelizmente as coisas não correram bem e perdemos o jogo.

APRESENTADOR
Pelas suas palavras, o que está a dizer é que foram os piores em campo?

TAVARES
Sim. Penso que é que isso que estou a dizer.

APRESENTADOR
Então, nesse caso, os outros foram os melhores?

TAVARES
Não necessariamente.

APRESENTADOR
Como não? Se vocês foram maus, é óbvio que eles foram bons.

TAVARES
É a última vez que venho ao seu programa!

APRESENTADOR
Pronto. Já cá faltava...

TAVARES
Raio do homem que é a sempre a mesma coisa! Já da outra vez foi o mesmo!

APRESENTADOR
Está-se a referir àquela história do “é homem ou é mulher”, suponho. Em que é que ficamos, então? É homem?

TAVARES
Não.

APRESENTADOR
Então é mulher?

TAVARES
Sabe o que você é? É um maniqueísta. Você, com esse seu criticismo, quer estabelecer um indiscutível fundamentalismo epistemológico, abrindo para uma concepção da razão dessubstancializada. Pois fique sabendo que “o intelecto, como meio para a conservação do indivíduo, desenvolve as suas forças dominantes na dissimulação, pois este é o meio graças ao qual os indivíduos mais frios, os menos robustos, se conservam e aos quais está vedado lutar pela existência com o auxílio de chifres ou de dentes afiados das penas.

APRESENTADOR
Manuel Maria Carrilho e depois Nietzsche. Agora é filósofo?

TAVARES
Não.

APRESENTADOR
Está-me a dizer que não é filósofo.

TAVARES
Não foi isso que eu disse.

SKETCH 1: O TESTEMUNHO CERTO

CENA 1: INT / TRIBUNAL

Estamos a meio de um julgamento.

O JUIZ está dentro de uma cabina de som.

ADVOGADO DE ACUSAÇÃO
(para o RÉU)
Onde é estava às 23 horas do dia 26 de Setembro?

RÉU
Em casa.

Um alarme começa a tocar.

ADVOGADO DE ACUSAÇÃO
Certo! Parabéns! Meretíssimo, queira proferir o que é que o senhor Santos acabou de ganhar.

A voz do JUIZ ecoa por toda a sala.

JUIZ
O senhor Santos acabou de ganhar uma absolvição. Mas, segundo o artigo 23 do Código do Jogo, pode trocar a absolvição por um magnífico automóvel.

RÉU
Então quero o carro.

O ADVOGADO DE ACUSAÇÃO tira umas chaves do bolso e entrega-as ao RÉU.

O RÉU é levado para fora da sala por dois guardas.


CENA 2: INT / ESQUADRA. SALA DE INTERROGATÓRIOS

Um SUSPEITO é interrogado pela polícia.

POLÍCIA
Onde é que estava ontem à noite?

SUSPEITO
Estava em casa. Mas, se me deixar ir embora posso lhe dizer um sítio mais convincente amanhã.

POLÍCIA
Às nove horas, então?

SUSPEITO
Nove horas? Tão cedo?

POLÍCIA
Às dez então.

SUSPEITO
Não pode ser às onze?

POLÍCIA
Às onze não. É quando eu tenho o meu intervalo. Dez e meia.

SUSPEITO
Um quarto para as onze.

POLÍCIA
Um quarto para as onze. Não se atrase.

SUSPEITO
Não se preocupe.

O SUSPEITO levanta-se e vai-se embora.

sábado, setembro 06, 1997

OUTROS BLOGUES

www.the-embroglio.blogspot.com

www.protuberancia.blogspot.com

É verdade. Criei um post só para anunciar os meus dois outros blogues. Tudo porque sou um tosco e não consigo pôr a porcaria dos links a funcionar como deve ser.

sexta-feira, agosto 15, 1997

RESPEITEM OS DIREITOS DE AUTOR


Para quem não percebe inglês: "Todas as imagens são propriedade dos seus respectivos proprietários"

sábado, agosto 02, 1997

POST Nº50: JUSTICEIRO VERSÃO TV-SHOP

Há quem critique os D'Zert e os Morangos com Açúcar e a Floribela e mais o que anda agora aí à solta; eu não gosto de perder tempo com coisas inúteis. Fui educado pela televisão, mas não acredito em tudo o que a televisão me mostra.


Não me impressiono facilmente com imagens violentas. Sou capaz de ver o "Extâse" ou o "Lux" ou de olhar para a Lili Caneças olhos nos olhos sem ter um ataque de pânico. Há quem não consiga, eu consigo.


Porque eu sei distinguir entre o que é real e o que é ficção.


As próprias séries hoje em dia não têm nada a ver com o que se fazia antigamente. O que eu gostava mais de ver quando era miúdo era o Justiceiro. Gostei especialmente de quando exibiram a série dobrada em brasileiro. Lembram-se?


"KIT amigão, me vem buscar."


Era espectacular.


"Versão brasileira: Herbert Richards."


Aquilo era qualidade. Já lá vai o tempo. E não foi assim há tanto. Foi antes do flagelo da TV-Shop. E ainda bem.


Era o que mais faltava.


"KIT, meu amigo, diz-nos o que os nossos telespectadores podem ganhar se forem dos primeiros dez a ligar para comprar este magnífico conjunto de pneus."


E o KIT:


"Os nossos telespectadores habilitam-se a um extraordinário colete reflector para daltónicos."


O próprio KIT não poderia fazer aquelas corridas que fazia dum lado para o outro. Ao preço que a gasolina está? Não passava do primeiro episódio. Isto supondo, claro, que havia dinheiro para um carro como o KIT. Aposto que a versão 2006 do Justiceiro seria feita com um Smart.

segunda-feira, maio 19, 1997

POST CONFUSO PARA A MINHA MENINA DOS CTT (2)

Não conheço as regras da estrada. Ou melhor, conheço uma. Sei que a polícia vai passar a andar à caça de condutores que fumem drogas leves enquanto conduzem. Pessoal, não se preocupem: eles não andam atrás da malta que fuma charros, só daqueles que fumam charros enquanto conduzem.

Os charros tudo bem. "Ah, a malta é jovem e tal, deixem-nos divertirem-se." Eles querem é condutores.

Por sinal, ao mesmo tempo que aumenta o consumo de drogas leves entre os adultos, aumenta também o número de pais que compram Cds do 50Cent e se dizem "cool". Até aos trinta e tal disfarça, a partir dos cinquenta já é mais complicado.

"Senhor Silva, o senhor já tem 70 anos. Não acha que é altura de deixar fumar charros com essa malta de dezoito anos?"

E o senhor Silva,

"Estou a gozar a reforma!"

Quem também não consegue disfarçar são os condutores que fumam charros. É fácil. Vê-se à distância. E porquê? Porque vão a preparar a cena enquanto conduzem.

Por isso é que há acidentes. Não é por falta de prevenção. Pensem nas reportagens que se vêem todos os anos por volta do Natal e do Verão. "Aumentou o número de mortos na estrada". O número de mortos na estrada está sempre a aumentar.

Há uma ligação estranha entre o número de acidentes de viação e o número de mortos na estrada. Os acidentes aumentam ao mesmo tempo que os mortos. E eu pergunto: não seria mais fácil, não será que os acidentes deixavam de acontecer se não houvessem mortos na estrada? Pensem bem. Eu falo por mim que não sou condutor. Posso estar aqui a dizer uma grande asneira, mas pronto...

Vou fazer uma confissão. Eu não sei pôr mudanças. Não sei. Eu sou aquele gajo que quando vai a um salão de jogos só joga ao Daytona se estiver alguém comigo que saiba pôr mudanças. Se por acaso for sozinho, pergunto a todos os que estiverem lá.

"Sabes pôr mudanças?"

"Sei."

"Então 'bora, vais-me ajudar."

"Agora tou a jogar."

"Não me interessa! 'Bora!"

Mas dizia eu, mortos na estrada / acidentes de viação. Eu não quero, mas vejo-me obrigado a pensar que se não fossem os mortos na estrada seria bem mais fácil conduzir. Vejam bem, vai um tipo a conduzir, aparece um morto, desvia-se; aparece outro, desvia-se. Às tantas, aparece um em cada faixa e o gajo espeta-se contra os rails.

Já para não falar das campanhas de prevenção rodoviária.

No que é que eles se baseiam?

Nos mortos.

O que é que os faz pensar em novas políticas de combate à sinistralidade rodoviária?

Os mortos.

As campanhas são feitas em função do número de mortos na estrada. Porque é que não resultam? Por uma razão simples. Quando se faz algo em função de alguém, faz-se para ajudar, para dar vantagem, para favorecer essa pessoa.

"Fiz isto a pensar em ti."

Foi feito a pensar naquela pessoa.

E eu pergunto: que raio de vantagem é que os mortos precisam? Não seria melhor fazer as coisas de modo a... – será assim tão bizarro? – dar uma vantagem aos vivos? Não é preciso ser muita, pode ser pouca, mas eles é que precisam de ajuda; principalmente os que fumam charros enquanto conduzem.

Aliás, o que eles precisam é de disciplina! Porrada neles!

Só que acabou o serviço militar obrigatório. É pena. Tiveram que inventar o Dia Nacional das Forças Armadas. Ora, o que é que é isto? Os jovens nos 18, 20 anos, são convocados para comparecer em determinado Quartel nesse dia.

É pra sensibilizar os jovens prá tropa! Prá tropa!

No ano passado, ou há dois anos, não tenho a certeza, houve uma adesão de 94%. Mais ou menos.

Isto é estranho. Dantes, quando era obrigatório, ninguém queria ir. Agora que não são obrigados, é que toda a gente quer. O que é que se passa aqui? É que, quem não apareceu lá, vai receber depois uma cartinha em casa para pagar uma multa de duzentos e cinquenta euros. Cinquenta contos. Que é quase o dinheiro que um gajo faz numa recruta de ano e meio.

Ainda por cima têm a lata de vir para a televisão dizer que os jovens estão cada vez mais interessados nos assuntos militares. Pudera! Se a alternativa for pagar duzentos e cinquenta euros, até eu ia.

É um dia estúpido. Eu acho.

POST CONFUSO PARA A MINHA MENINA DOS CTT (1)

Não há nada melhor que uma boa guerra religiosa para aprender o que é inteligência, tolerância e fé. Há uns anitos atrás tivemos as Cruzadas. Católicos contra muçulmanos! Tudo porque uns adoravam um sujeito que levou e calou e os outros um tipo que achava que era feio demais para poder ser representado.

E as diferenças entre os católicos e os muçulmanos não acabam aqui. Para os que estão indecisos entre uma ou outra religião, aqui vai uma pequena comparação. Os católicos podem consumir álcool, os muçulmanos permitem a poligamia. Sabem o que isso significa?

Os católicos é "até que a morte vos separe", o sagrado matrimónio, uma mulher; os muçulmanos têm direito a cinco. Cinco!

O que é estranho, porque os católicos é que têm a Santíssima Trindade. Eu pensava que teriam direito a três. Pelo menos.

E é aqui que entra a parte do pecado. Quem se porta bem, vai para o Céu. Os muçulmanos têm setenta virgens à espera; duvido que que os católicos tenham uma tasca no Céu.

Aliás, esta é uma das razões que me leva a pensar que talvez o Céu não seja tão bom quanto querem fazer parecer.

Ir para o Céu é mau. Olhem para Adão e Eva. Expulsos do Paraíso por causa duma maçã. Dizem que não fizeram de propósito. Será que não?

Vejam o caso de Jesus. Jesus teve uma vida imaculada, ausente de pecados, resistiu à tentação. A sua pureza levou-o para o Céu. Esteve lá três dias e bazou.

Foi dos poucos conhecidos que, indiscutivelmente, mereceu ir para o Céu e não ficou convencido com as condições que lhe eram oferecidas. Mas também, ele ia viver com o pai. Ser filho de Deus também não deve ser fácil. Não há privacidade nenhuma.

"Pai, importas-te de sair do meu quarto?"

"Ó filho, sabes bem que não posso."

O Inferno, por outro lado, deve ser bom. Pensem naqueles que fizeram merda e mais merda, curtiram que nem uns doidos, alguns roubaram, mataram, enganaram. Foram parar ao inferno.

Quantos é que voltaram para dizer que aquilo não presta?

E para os muçulmanos... setenta virgens? Uma é difícil, quanto mais setenta! Estão sempre à espera "da pessoa certa" São setenta vezes a ouvir aquela conversa do "Prometes que não me magoas?" ou "Gostas mesmo de mim?" Setenta para um. São 70 prendas de aniversário. Imaginem como será no Dia dos Namorados. Faço ideia se houver restaurantes no Céu.

"Era uma mesa para setenta e um."

"Para setenta e um não tenho. Só sessenta e nove. Há dois que ficam de fora."

Outra questão nesta cena das setenta virgens. Ninguém fala de idade, peso, altura ou sexo. Pessoalmente, acho que são dados importantes.

Setenta virgens não significa setenta virgens mulheres. Um gajo pode chegar lá todo convencido e de repente...

Porque isto do Céu; ir para o Céu, seja ele de que religião for, é um acto de compensação. Nós portamo-nos bem, porque estamos à espera de algo bom.

Pensem numa criança que se porta bem o ano inteiro para receber uma certa prenda no Natal e chega ao grande dia e recebe outra porcaria qualquer.

O pessoal, enquanto é vivo, não mata, não rouba, cumpre as regras, vai para o céu e tem:

Opção A, setenta virgens; opção B, ficar sem sexo, sentar-se numa nuvem e ver quem se porta mal cá em baixo. Passamos a ser chibos. E a denúncia é considerada pecado.

Isso não é o Céu, é o Inferno.

Eu chamo a isto publicidade enganosa.

Mas é esta a mensagem que tentam passar. Principalmente aquelas velhas beatas que me aparecem à frente sempre com a porcaria do Sentinela. Detesto isso.

Nada contra a religião, nada contra a revista, mas os fiéis... Custa muito tirar um curso de técnico de vendas? Eu acho que não.

E por enquanto são só essas. Eu quero ver se isto alastra a outros credos. Tipo, pessoal satânico. Aquilo não é só malta nova. Também há velhos lá. O pessoal que é marado para entrar lá, fica lá pra sempre; não se cura assim muito facilmente.

Portanto, eu tenho medo do dia em que me apareça uma velha à frente com uma t-shirt de Cradle a dizer:

"O sangue! O sangue!"

E novamente, cá temos o problema da técnica de venda.

E esta da roupa é outra. Eu visto-me de preto. Não sou satânico, não sou gótico, não sou nada disso. Mas quantas vezes é que não há um palhaço qualquer que se chega ao pé de mim e pergunta: "És satânico?" ou “És gótico?”

É sempre! No entanto, nunca vi ninguém a perguntar isso a uma dessas velhas que se vestem de preto. Porquê?

Sabem porque é que me visto de preto?

Porque não se nota tanto as manchas de sangue.

E se me vestisse de branco, será que as pessoas se chegariam ao pé de mim assim

"Doutor, não me estou a sentir bem. Será que me podia passar qualquer coisa?"

Roupa é apenas roupa.

Eu sempre que vejo um gajo de calças pretas e camisa branca, não me aproximo dele e peço um café e um copo de água, só porque parece um empregado de café. Pode não ser. Roupa é apenas roupa.

quarta-feira, maio 07, 1997

O OVO REDONDO

SETE MULHERES E MEIA POR CADA HOMEM

Li uma estatística, há uns anos atrás e segundo essas estatísticas existem cerca de sete mulheres e meia por cada homem.
Eu contento–me só com as sete. Chamem–me o que quiserem, mas a ideia de ter sexo com uma mutilada não me agrada muito.
Mas que raio?! Será possível que existam tantas meias mulheres no mundo? Será que nascem já por metade ou são cortadas depois?
Fico com um arrepio na espinha só de pensar ao que elas têm de se sujeitar só para que as estatísticas batam certo.
O pessoal das estatísticas vai para as Maternidades e começa a contar.
“Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oi... Corta!”
E depois se alguém reclama, o que é altamente provável, há que apelar à lógica. E a lógica é: a criança acabou de nascer. Ponto um. Ponto dois. Os resultados já estão publicados. O que é que é mais importante?

OS MÉDICOS NÃO GOSTAM DE MIM

Os médicos não gostam de mim. Olham-me de lado. E eu acho que sei porquê. É que quando uma pessoa nasce, regra geral, o médico ou a pessoa que ajuda no parto dá sempre uma palmada. Dizem que faz bem. Mas faz bem a quem? Um gajo tá ali muito bem dentro da barriga da mãe e a primeira que recebe quando resolve sair é porrada? Bela merda de hospitalidade.
Ora, eu sabia da palmada antes de sair. Ouvi dizer. Foi por isso que, assim que saí, amandei-me logo de cabeça para o chão, antes que o médico tivesse tempo de fazer fosse o que fosse. Comecei a chorar que nem um desalmado, ia sofrendo um traumatismo craniano, mas felizmente tudo acabou bem. Não tive praticamente sequelas desse pequeno incidente e tenho tido uma vida mais ou menos normal. O médico, esse é que não achou graça nenhuma àquilo, ficou todo lixado comigo. É por isso que quando vou a uma consulta ou fazer um exame, sempre que passa um médico por mim, olha-me sempre de lado. Às vezes vão dois a conversar e eu até chego a ouvir.
“Foi aquele. Amandou-se de cabeça.”
“Ah! Sacana! Havia de ser comigo...”

CASAS DE CHUTO EM PORTUGAL

Há uns anos atrás lembro-me que o Governo queria criar as chamadas Casas de Chuto para os senhores toxicodependentes irem para lá tomar o seu charrinho e não só. A oposição, por seu lado, não achou muita piada a isso. E percebe-se porquê.
Aquilo era suposto ser um serviço público. Ora, se tomarmos em conta como costuma funcionar o serviço público em Portugal, tipo Repartição das Finanças, o que nós teríamos, caso a ideia tivesse ido pra frente seria algo do género:
Um balcão de atendimento com três guichets e uma única fila. E a pessoa, neste caso o toxicodependente, quando fosse a sua vez, chegava junto do balcão e dizia:
“Orienta aí um night bacano!”
“Tirou a senha?”
O gajo entrega a senha.
“Isto é uma senha azul. Para consumir drogas leves, tem de ser uma senha castanha.”
“Eh man... vá lá...”
“Lamento muito mas a senha azul é apenas para ácidos.”
“Hein vá lá... eu tou a ressacar...”

segunda-feira, abril 21, 1997

A GRIPE DAS AVES E O PROBLEMA DA FOME NO MUNDO

Agora fala-se muito da gripe das aves. É a primeira grande ameaça do século XXI. A seguir ao DVD do Luís Represas, claro; ou como eu gosto de lhe chamar... Luís Construção-edificada-pelo-Homem-com-o-intuito-de-armezenar-água-para-a-produção-de-energia-eléctrica.
Digo-vos sinceramente, se ele passasse a usar um nome desses eu até o respeitava. Mesmo que não mudasse o penteado.
Desculpem se me desviei do tema. Estava a falar da gripe das aves. Estou preocupado. Por dois motivos.
Primeiro, se as galinhas ficarem constipadas, que canja é que nós vamos comer? Não se fala disso. É só: foi encontrada uma ave morta aqui, outra ali; mas elas estão mortas, não estão doentes!
Pior, se as galinhas ficarem constipadas, que canja é que ELAS vão comer?
A cura não me interessa. Da maneira que isto anda, já fazia falta uma pandemia há muito, muito tempo.
Preocupa-me é a canja.
Mas é só mesmo por curiosidade, porque eu até não gosto muito de canja. Eh pá, como, mas não é aquela cena que eu vá restaurante e peça. A canja é sopa de doente e eu quando não tou doente, não consigo comer aquilo tudo; enjoa-me e depois acontece o inevitável: deixo ficar no prato, o que parece mal.
Podemos ser crianças, podemos ser adultos, não se deve. É feio. Não se faz.
Em casa ou no restaurante, deixamos nem que sejam duas batatas no prato e os pais, ou a pessoa que está connosco, diz sempre:
"Se não querias comer tanto, porque é que pediste?"
"Tens mais olhos que barriga, é o que é."
Tanto quanto sei isto é verdade, a não ser em relação aos zarolhos que têm tantos olhos como barrigas. É preciso ser-se estúpido para se sentir mal com uma destas.
Depois o pai vem com a conversa do "Devias era viver em África, para saber como era."
Vêm sempre com o argumento da fome. Sempre. Até irrita.
"Fartura. O que tu tens é fartura."
Ouvimos isto sempre. Sempre! Nem que seja um mísero bocadito de carne que nem sabe que é carne agarrado ao osso, cheio de gordura!
No entanto – e é aqui que a gente vê como é que as coisas são -, as mesmas pessoas que são tão picuinhas em relação a uma migalha que fica por comer, vão a restaurante e basta estar um cabelo na comida, pedem logo pra trazer outro prato.
A culpa também é dos empregados. Às vezes quando se pede para trazer outro prato é apenas para trazer outro prato, não outra comida. Por isso é que a comida é cara.
É uma questão de higiene, dizem uns.
E por isso morre tanta gente à fome em África. Porque as embalagens de comida que recebem das organizações mundiais vêm com cabelos. Milhões e milhões de mortos por ano, tudo por causa dum cabelo na sopa.
Imagino um etíope, quase a morrer à fome, vai pra comer:
"Porra! Esta sopa tem um cabelo! Quando é que vem a próxima entrega? Daqui a um ano? OK, eu espero."
Já me têm vindo pratos com pestanas ou sobrancelhas, eu ponho de parte e continuo a comer. Não vou morrer por causa disso. Se o cozinheiro ou algum ajudante estiver a fazer quimioterapia é fácil de ver e quase de certeza não o iam pôr a trabalhar na cozinha. Acho eu... Mas as pessoas olham para essas sobrancelhas ou pestanas e pensam sempre que são pêlos púbicos.
Pensem um pouco. Se encontrarem um desses pêlos na salada não será mais provável ter sido porque quem estava a descascar a cebola, começou a lacrimejar e ao passar a mão pelos olhos, caiu uma pestana? Não é de propósito. Eles não têm um frasco com pêlos púbicos lá na cozinha para pôr na comida. A cozinha não é lugar de orgias. Pelo menos, não a toda hora. A não ser quando o restaurante tá vazio.
Aí o pessoal aproveita e faz doces à base de leite condensado. Que piada labrega! Eu sei. Mas é mesmo assim.
Se vocês ficam preocupados com pêlos púbicos na comida, só vos digo o seguinte: da próxima vez que forem ao restaurante e pedirem bacalhau com natas ou bifinhos com cogumelos, olhem bem para o molho antes de começarem a comer.

domingo, abril 20, 1997

"EU, PESSOALMENTE" E OUTRAS CENAS ESTÚPIDAS

Porque é que dizemos "eu, pessoalmente" quando estamos a falar de nós próprios? Será que o facto de se estar a falar na primeira pessoa não chega para se perceber que é uma opinião pessoal?
Não se diz "ele, pessoalmente" ou "tu, pessoalmente". O "pessoalmente" é sempre eu. E eu pessoalmente acho isto estúpido.
Querem ouvir uma frase realmente estúpida?
O contrário de qualquer coisa não é mais que o oposto do seu significado original.
Porque é que é estúpida? Porque não diz absolutamente nada. Nós temos a mania de dizermos coisas sem qualquer significado única e exclusivamente porque podemos. Somos racionais. Somos intelectualmente superiores aos demais, geneticamente parecidos com alguns.
Tenho em mente que a grande diferença entre o Homem e alguns animais é apenas a barreira da linguagem. A diferença genética entre humanos e chimpanzés é de 2%. Aliás, se os chimpanzés pudessem dizer que são chimpanzés, passariam a ser homens.

sábado, abril 19, 1997

ESTUPIDOZINHO PARTE 2

O infeliz que é nomeado "estupidozinho" é, para sua desgraça, um indivíduo tão "estúpido" que nem consegue ser um estúpido a sério.

Felizmente, para todos aqueles que se inserem na categoria de "estupidozinhos", existem certas normas que, caso sejam seguidas à regra, poderão, um dia (com sorte), possibilitar a promoção ao cargo de "estúpido" oficial. Aqueles que o conseguirem (se o conseguirem), poderão mais tarde ser promovidos ao cargo de zotes ou pusilânimes. A escolha é vossa. Mas, deixemo-nos de merdas e passemos às medidas propriamente ditas.

Artigo 1
O estúpido é estúpido todos os dias. De manhã à noite o estúpido tem que ser estúpido sempre.

Artigo 2
O estúpido é estúpido, não é parvo. Todo o estúpido que queira ser parvo será banido da ordem universal da estupidez.

Artigo 3
Uma vez estúpido sempre estúpido. Aquele que for estúpido, será sempre estúpido.

Artigo 4
Ser estúpido ou não ser. Qual é a questão? Um estúpido nunca põe em causa a sua estupidez. Ele sabe que é estúpido e mais nada.

Artigo 5
O estúpido é fiel a si próprio. Todo aquele que quebrar o juramento de ser estúpido todos os dias será rebaixado à categoria de estupidozinho.

sexta-feira, abril 18, 1997

ESTUPIDEZ TEMPORÁRIA

Ainda no tema da estupidez – temas estúpidos é coisa que não falta aqui – existe algo que os advogados de defesa gostam muito de invocar: a insanidade temporária.
"Meretíssimo, o meu cliente não estava em plena posse das suas faculdades mentais no momento do acto."
A bem da celeridade da justiça portuguesa penso que se pode simplificar isto através duma nova forma de apelação: a estupidez temporária.
Em vez daquela lengalenga das faculdades mentais, o advogado diria apenas:
"Meretíssimo, o meu cliente foi estúpido."
E o juiz depois pergunta:
"E agora, ainda é estúpido?"
"Agora já não, Meretíssimo."
E assim é absolvido.

quarta-feira, abril 16, 1997

OUTRAS ALTERNATIVAS NA VIDA

Às vezes perguntam-me o que é que eu faço na vida. Geralmente respondo nada, que é o que se responde nessas ocasiões.

Mas antes de não fazer nada, fiz outras coisas. Algumas boas, outras não tão boas.

A mais rentável foi ser traficante de mulheres. Só mulheres, drogas não é comigo.

E não é difícil traficar mulheres. É preciso ter atenção ao mercado e às estações do ano mas, fora isso, não é difícil.

Brasileiras no Inverno e eslavas no Verão. Não tem nada que saber.

Um conselho que me deram e que eu vou partilhar com quem estiver no ramo ou pensa entrar: nunca, mas mesmo nunca, a sério, encomendar mulheres do leste fora da época quente. Além de não ter quase saída nenhuma, fica depois no armazém empatado a ganhar pó.

Isto que eu tou a dizer, pode parecer chocante para alguns de vocês (para os outros admito que possa mesmo ser), mas é verdade. Eu próprio tenho dificuldades em acreditar. Mas, não há como o negar. Mulheres do leste só vendem no Verão.

Outra actividade à qual eu me tenho dedicado de vez em quando é o embalsamamento de animais. É chato porque como não tenho um carro ou uma moto para atropelar os animais, tenho de utilizar um bastão e agredi-los na cabeça. Isto pode parecer uma piada de mau gosto, mas garanto que eles têm uma morte rápida. E os que não têm é apenas por uma questão de segundos. Além disso, mesmo que tivesse um carro ou uma moto, como condutor sou uma porcaria e o mais certo era eles acabarem feitos em merda.
Outra coisa que descobri. Pensavam que vinham cá e que não aprendiam nada? E não são só coisas más. Descobri que atirar senhoras idosas, as chamada velhinhas, dum 10º andar pode causar algumas complicações no trânsito.
Estamos sempre a aprender, não é verdade?